29 de julho de 2007

Desenhos na parede

O caminho que tomamos muitas vezes diverge daquilo que determinamos como objetivo. E isso vale para a vida como um todo, todas as coisas. Mas aí, você se pega qualquer dia desses e percebe que uma mudança surgiu, como um nódulo sob a pele, um câncer. As letras deixaram de ter aquele gosto de prato favorito em dia de fome e tanto a leitura como a escrita foram terrivelmente abaladas por um marasmo quase preguiça.

Uma conclusão meio precipitada: o amor e a escrita vão juntos, de mãos dadas. Será? Talvez a falta de adrenalina e taquicardia tenham feito as palavras chatas e pouco emocionantes, como os amores que andam em falta. A vida anda mas o amor pára. E causa esse desconforto porque a vida vai bem, obrigado. Parece que ainda há inspiração (quantos textos até hoje não imploram para serem escritos?) mas falta ação: faltam dedos dedilhando um teclado sem música.

Como eu vivo então? Simples: colho impressões que me são legadas. Não há meios audiovisuais existentes que me permitam compartilhar tanta coisa com vocês, sempre o fiz pelas palavras mas essas me faltam (na verdade eu ando em falta com elas). Acredito que minha vida tem enriquecido de sobremaneira que fiquei extasiado com tantas coisas que aconteceram. É um misto de acontecimentos que inevitavelmente provocam uma reflexão e exigem ser escritos. No entanto, essa disfarçada apatia se esconde por trás de desenhos pintados em uma caverna; são símbolos que mais tarde, quando a imaginação for buscar, terão se transfigurado em borboletas que por si só justificam sua existência e dispensam explicações ou traduções.