28 de junho de 2009

A saga do feliz ganhador da loteria

Não consigo dormir direito há uma semana. Os problemas de insônia começaram com o fatídico dia em que faturei sozinho um prêmio de 28 milhões de reais sozinho na loteria. Sinceramente não sei o que fazer com tal prêmio e as possibilidades turvam minha mente.

Senti-me intimidado com tantos zeros na conta bancária, e afim de não afetar relações entre amigos e familiares, não comuniquei a nenhum deles sobre a minha sorte. Tampouco a namorada, que tem me percebido demasiadamente apático e demonstrado sua preocupação comigo e conosco.

Não fui trabalhar essa semana. Na segunda não fui porque acreditava que não precisava; na terça não fui alegando mal-estar na família; na quarta tive uma crise paranóica e, com medo de que alguém desconfiasse de algo, não sai de casa.

Foi na quinta-feira que, bem discretamente vestido e sem aparentar grandes alegrias, fui até a lotérica onde fiz a aposta para reclamar meu prêmio. Uma grande faixa de "Aqui saiu o prêmio de 28 milhões de reais" estava logo na entrada. Criou-se um grande burburinho no bairro onde moro com relação a identidade do feliz ganhador da loteria. Eis-me lá. Falei baixo ao caixa:

'Sou o ganhador da loteria, gostaria de saber como posso retirar meu prêmio'

Ao passo que houve um grande rebuliço, com direito a sirene, buzinas e estouro de champanhe barato. De repente todos ali sabiam a minha identidade, e curiosos se aproximavam para saber o que acontecera. Fui congratulado, apertei várias mãos e as pessoas me enxergavam como uma imensa estátua de ouro ali, parada, perplexa. Após uma certa comemoração, a atendente me entregou um papel com as instruções de como retirar meu prêmio junto ao banco do governo (deveria ser lá, dado o montante a ser recebido).

Retornei para casa seguido por centenas de olhos famintos por qualquer quantia que pudesse aliviar as suas dores. Tornei-me uma espécie de santo pagão. Não consigo dormir direito há uma semana.

20 de junho de 2009

O feliz ganhador da loteria

Hoje aconteceu o inesperado. O que não passava de uma brincadeira despropositada (mas com um fundinho de fé) se tornou realidade hoje. Descreditei quando acompanhei os números na tela do computador batendo tal qual os da aposta que fiz ontem. E o resultado conferia: um único ganhador na mega-sena havia levado para casa sozinho 28 milhões de reais.

Exaltei-me, fiquei eufórico, e as axilas suavam como se estivesse correndo a maratona ao ver e rever o resultado. Mas sim, tornei-me o mais novo milhonário do quarteirão, do bairro, da cidade, do país. Chega dessa vida batida e cansada, desse dia-a-dia monótono e estúpido. Nada mais me importa: não precisarei mais ir ao trabalho na segunda e os trabalhos da faculdade todos podem ser adiados para sempre. Viverei de rendimentos da gorda poupança que se abre para mim.

Serei aclamado como salvador da pátria dos amigos e familiares endividados. Vejo todos congregrados ao meu lado, brindando à minha saúde e gozando comigo a minha própria sorte. Sequer sei o que farei com 28 milhões de reais, é muito mais dinheiro do que consigo imaginar. Nunca tive sonho de imóveis, automóveis, empreendimentos monstruosos. Talvez eu apenas queira viver no sossego de uma vida tranquila regada com as coisas mais básicas. Talvez compre uma casa na praia, onde passarei o resto da vida.

Pouco sei dizer sobre o futuro da exorbitante quantia. Só sei que, por hora, manterei segredo sobre esse fato. Ser milhonário implica em muitos riscos. Quem sabe o que o futuro me aguarda?