4 de novembro de 2007

Rabiscos Inconcretos

É preciso perder a liberdade para saber valorizá-la. Seguindo essa premissa, dois eus se separam em espaços diferentes da escrita e se encontram para compor a minha existência, apesar dos atropelos e confusões. E dessa vontade ambígua de querer e não querer escrever, nasceu o meu caderno, onde guarde recortes poéticos da minha vida. Torno-os indecifráveis e irreconhecíveis, ao ponto de que nem eu mesmo consigo lembrar o que me ocorreu.

Acredito que se você quer transmitir algo de diferente nos seus textos, o seu eu não deve importar. Há causos e causos, cada pessoa vive e tem experiências de vida diversas. Escrever pra mim é o ponto de encontro do meu sentimento com o sentimento do todo. É a generalização das idéias, provocação das discussões. Acredito que apenas somos capazes de entender quem somos e definir pontos de vista se pararmos para pensar em tudo que fazemos e tudo que os outros fazem. A literatura pode ser uma mentira do ponto de vista de que grande parte das coisas que se escreve é ficção. Mas ainda assim, é possível aprender muita coisa com personagens, situação dramáticas e literárias. Os contos que líamos quando crianças pregavam bem isso, os livros e textos literários de hoje, com nós crescidos, não é diferente.

Quanto à liberdade: no meu caderno tenho liberdade, principalmente para errar. Tenho uma cobrança pessoal muito forte, e às vezes sinto que isso inibe alguns textos de saírem. Mas lá eu posso fazer qualquer coisa, posso tentar, posso errar, posso mudar, tudo simples como a borracha e o lápis. Se por um lado aqui tenho toda essa pressão pessoal por um algo de qualidade, lá é onde eu relaxo o braço e as idéias.

Juntando isso, forma-se o caderno de idéias pré-maturas e sentimentos confusos. Mesmo com essas características tão peculiares, às vezes me sinto mais à vontade de escrever lá do que aqui. Talvez por essa cobrança lá ser atenuada. Mas ainda assim, gosto de manter comum no blog e no meu caderno esse aspecto literário e confuso. Se por ventura ele parar em mãos erradas, vão se dar conta de que, talvez, a vida da pessoa ali descrita não é a minha, mas de um outro alguém.

2 comentários:

ck 野呂 disse...

gostei do assunto.

como sempre vc ainda emprega palavras complicadas demais pro meu minusculo cerebrito. mas eu gosto dos seus assuntos. escolhidos a dedo, q nem os nobres graos dos cafés mais diferenciados.

*no assunto liberdade, acrescento as pessoas que querem liberdade, mas depois nao sabem o q fazer com ela qdo a conseguem. desperdiçam, erram ou nao usam.

uh-oh, acho q isso vai virar mais um post no meu brog! =P oba!

keep up the good work! =) (e continue visitando o meu hehe

http://cknoro.blogspot.com)

Lígia disse...

Ah sim... os varios "eus"... sempre n é? Acho q isso não ocorre só com vc não. Apenas acho que pressão demais é desnecessário. A qualidade está no teor do sentimento, e n simplesmente na disposição de palavras. Vc tem talento, isso todo mundo ja sabe ;)