14 de dezembro de 2007

O Tom nunca muda

A única coisa que me faz chorar como uma criança, não de tristeza, não de felicidade: bossa nova. Às vezes boto umas músicas de Vinícius, Tom e dá toda aquela quentura no peito. E engraçado que, mesmo eles já não estando mais entre nós, sempre consigo achar uma música nova deles, uma música menos famosa mas que tem lá seu ritmo único e uma letra gostosa de se cantar.

É estranho como isso não acontece nas músicas de hoje: a maioria das letras possui uma letra que nos penetra por algum pouco tempo para logo depois sumir na memória. Já com a bossa a coisa é mais fina. As músicas falam quase sempre de um Rio de Janeiro que já não existe mais, de amores como não se vive hoje, tem ritmos que nenhum compositor dos tempos de hoje consegue criar.

E tudo isso me fez concluir que na verdade esse movimento musical ímpar na música brasileira se fez único pelas circunstâncias de uma Copacabana, uma Lapa como nunca seremos capazes de ver novamente. Incrível como você é capaz de se perceber cada gota cristalizada de uma chuva parada no tempo nas mais belas músicas que representam o movimento ('Chega de Saudade', 'Wave', 'Tarde em Itapoã', entre outras); Uma chuva como não se regam os solos desse Brasil a muito tempo (hoje os altos teores de dióxido de carbono só fazem chover ácido).

Cultuar o passado talvez não agrade tanto aqueles que tem uma visão progressista, mas acho difícil resistir a uma bossa quando o que temos para ouvir por aí perde tanto em qualidade. Muito pelo contrário, aquela época que tanto pecou pelo excesso de lirismo nas canções talvez possa injetar um veneno qualquer que amoleça os corações de pedra de uma geração cada vez mais alheia aos próprios sentimentos.

3 comentários:

Lígia disse...

Nossa... nem diga é outro patamar, outro... Tb tenho sensações nostálgicas da bossa nova, embora nunca a tenha vivido de fato.
Singular, essa é a palavra :)

Anônimo disse...

me deu vontade de ouvir um cd da elis e do tom que tenho por aqui =P

Carlos disse...

Bem...realmente... hj em dia costumo falar que não temos música..que música ficou lá pra trás...
E sim, estamos em outros tempos... e as vezes parecemos perdidos nele, fala verdade!

Abraços rapaz!