Acredito ser péssimo crítico de arte, principalmente em matéria de cinema. Sou um cara muito chato para filmes: gosto de filmes que me façam sair do cinema com dor de cabeça e que tenham me guiado ao longo de seu enredo por todo o tipo de sensação e sentimento possível. É raro que as duas coisas aconteçam ao mesmo tempo, mas ontem isso aconteceu: fui assistir Babel.
Não minto que tive algumas motivações para querer ver esse filme. Primeiramente me guiei pelo falho instinto do "indicações a prêmios famosos", o que quase sempre me engana soberbamente. Depois percebi o casting do filme, Brad Pitt, Cate Blanchett, Gael Garcia Bernal e a direção de Alejandro Gonzáles Iñárritu, cujo trabalho até hoje me passou levemente despercebido senão por algumas cenas perdidas de "21 gramas". Tudo soava bastante tentador, até o momento que fui procurar saber um pouco sobre o enredo do filme. O fato de serem várias histórias paralelas em lugares diferentes do globo que de alguma maneira se conectavam sôou de maneira sedutora e não pude resistir mais.
E o filme superou minhas expectativas. Não vou dar detalhes da história, mas posso dizer que a maneira como o filme é costurado dá todo o charme à película. O gênero de histórias paralelas que se unem para dar liga a uma história maior já foi bastante explorada por outros diretores, mas Babel não faz um elo direto entre as histórias e o que liga cada trecho é algo bem sutil. É possível inferir diversas coisas do filme, ainda mais pelo grau de realidade que cada história em cada país é retratada e a diferença e o choque de cultura expostos. A trilha sonora de responsabilidade Gustavo Santaolalla, mesmo compositor da trilha de Diários de Motocicleta, auxília a dar toda uma atmosfera ao filme, independente do país no qual a cena se passa.
Babel, enfim, é um filme comovente e consegue mostrar a quem assiste a triste realidade do mundo hoje. Não apenas do México, Marrocos e Japão, mas das pessoas que vivem nesse mundo caótico de diferenças e intolerância. A linha que une a base do filme pode ser meio fraca e talvez forçada em alguns pontos e talvez a não-linearidade dos fatos renda alguma dor de cabeça aos menos cientes da temática do filme, mas as histórias separadas representam perfeitamente que a dor existe em qualquer lugar do mundo sob diferentes formas. Afinal, somos seres humanos.
Dos vazios
Há 2 anos