10 de junho de 2008

Dia dos namorados

Peço perdão pelo cliché poético e pela mais profunda falta de criatividade em mais este dia dos namorados, amada, mas peço humildemente que aceite este presente. Não tenhas pressa em abri-lo: garanto que não é nada que não tenha te prometido antes. Mas a grana andava curta, sabe? Não o dei antes porque temia (não mais do que o amor que tenho por ti) cair na ferozes e impiedozas garras do cheque especial, esse vilão dos tempos modernos que pouco entende de amor.

O pacote está meio amassado sim. Vim correndo te trazer o presente, passando por ônibus, metrô, chuva e outros cataclismas da vida cotidiana. Mas não te incomodes por isso, nem pela embalagem sem graça e mal feita. Confesso que eu mesmo embrulhei o presente. Achei que fosse especial demais para pedir a minha mãe ou a moça da loja que embrulhasse para você. Saiba que não sou expert em material de papel (no escrito não vou tão mal), mas julgo importante o conteúdo a ponto de querer embalá-lo eu mesmo.

Não, não! Mais devagar! É frágil, aviso! Pensei se não seria mais adequado acomodá-lo em jornal, algodão, plástico-bolha, ou com aquelas bolsas de ar de entrega de correio. Mas qualquer um desses itens estragaria ou afetaria a qualidade do presente. Ele é único. É peça antiga, mas é contemporânea (não é arte!). Perdão a falta de sigilo, mas digo também que já teve outros donos. Eu sei que é deselegante falar isso... e não! Não estou passando presente para frente! Você merece muito mais!

Sem mais, amada! Pode revelá-lo aos teus olhos anciosos! Sim, é meu coração que te dou neste dia tão especial. Podes achar graça ou a falta dela, pois há muito te digo que é teu e não se dá o já dado a alguém. Mas confesses que foi uma manobra ousada, principalmente nesses tempos em que tanta coisa eu poderia ter te dado e tão pouco caso terias feito até o momento em que acabaria o perfume, as flores murchassem ou o ursinho fosse doado às crianças carentes. Ao menos meu presente é verdadeiro e sincero, todo amor que tenho por ti (espero sinceramente que não o esqueças num vidro com formol, na prateleira).

3 comentários:

Daniela Yoko Taminato disse...

perdoado! a genialidade do texto, não o deixa piegas e nem blasé.

adorei

Tatiane Ribeiro disse...

João,
Adorei a forma como vc construiu uma história simples, mas que fala o que a maioria dos apaixonados não consegue colocar em palavras.
Como disse sua amiga acima, a genialidade do seu texto não o deixa cair no piegas. E blasé não é necessariamente uma crítica, afinal, somos todos blasés, não é?

Seu texto me lembrou, mesmo que não seja parecido, o poema de Drummond "Cartas de Amor"... acho que traz uma idéia parecida...

Continuarei freqüentando... gostei do que vi até agora!

Carlos disse...

Fala meu querido! É bom ver seus escritos novamente. Pensei que havia parado em 1/1/2008, mas me surpreendeu positivamente agora! Quanto aos textos, não preciso elogiar...não tenho tantas palavras para tal...
Abração!