3 de dezembro de 2006

Não mais Iugoslávia

Foi numa madrugada que eu descobri quase sem querer que estava acontecendo a disputa do campeonato mundial de volei. O Brasil, desde que eu assisto a seleção dirigida pelo Bernardinho, nunca deu um vexame em um campeonato como esses (inclusive desde que o Bernardinho assumiu o Brasil nunca ficou longe do pódio, estatísticas da mídia que acompanha mais o volei do que eu). Mas a verdade é que ao contra?io da seleção brasileira de futebol, ver os meninos do volei é outra coisa. Dá gosto de ver um time jogando com garra, com velocidade, sem dar chance aos adversários. Percebe-se um sentimento de brasilidade em quadra, mesmo de um país que valoriza tão pouco o esporte que já rendeu várias medalhas olímpicas. E viva o Brasil campeão, fica aqui minha homenagem a essa valoroza equipe.

Mas a pauta não é necessariamente o volei, embora tenha começado do comentário sobre a futura ex-seleção de Sérvia e Montenegro, que à partir do ano que vem se tornará dois países distintos. E a coisa corre muito mais além, quem já pegou um livro de geografia já deve ter visto uma imensa porção de área báltica que já carregou sozinha o nome de Iugoslávia. Quem viveu e lembra (não faz muito tempo para os que nasceram na mesma época que eu) sabe quantos conflitos aquela região viveu. Alguns não são da minha época, mas é interessante pensar quanto tempo aquela região tomou para se moldar no que será ano que vem um amontoado de países distintos.

Talvez a minha lembrança mais forte seja a da guerra de Kosovo. Todos os jornais noticiavam sobre mais um pedaço da já fragilizada Iugoslávia que desejava independência. Milhares de mortes notíciadas num jornal não davam a menor perspectiva do que era aquilo que acontecia. Eu mesmo não entendia bem o que era aquilo, o que era a Guerra. Lembro que tive de fazer alguns trabalhos para a escola a respeito de Kosovo, meu professor era bastante preocupado em nos manter atualizados sobre o que acontecia no mundo, principalmente no que dizia respeito a sua disciplina.

Depois de algum tempo passamos a viver nesse período de guerras e intolerância. Isso me ajudou a dar uma perspectiva para entender o que foram mais de um milhão de civis mortos, intolerância étnica e Slobodan Milosevic. Um filme do Godard que eu assisti no meio do percurso me ajudou a entender o que é viver hoje nas ruínas de uma guerra, onde metade do país é uma parte que persiste viva e a outra metade foi bombas, tanques, soldados e guerra.

Ante toda essa situação caótica e surreal, eu sofro a minha parte quando ouço falar sobre a futura ex-Sérvia e Montenegro, no seu âmago a parte restante da Iugoslávia. Talvez seja melhor assim para sérvios e montenegrinos, mas me incomoda perceber como tudo deu tão errado para um país que não encontrou outro meio senão o da guerra para se tornar as várias partes que hoje é. E ainda há gente no Brasil que pensa em separar o Sudeste das outras regiões, por afirmar que o pólo produtivo nacional se concentra (e depende exclusivamente) daqui. Façam-me o favor.

2 comentários:

Anônimo disse...

Um país que se juntou à força durante uma guerra não poderia se separar de um jeito muito pacífico...

Mas eu gostei da reflexão... Faz o videogame que passa na CNN ser mais tocante que os meros números...

Érika Mitie Honda disse...

Waaaahhhh voltou ao mundo dos blogs!! Mas resolveu limpar a casa é??

Ah... depois eu leio... to meio ocupada....

okaeri! -^^-